Na semana passada, o head do Instagram, Adam Mosseri, fez uma publicação em seus perfis nas redes sociais para compartilhar novidades sobre a plataforma e o novo rumo que o Instagram deve seguir. Segundo o executivo, o aplicativo não é mais uma plataforma de fotos e sim de entretenimento. “Nós não somos mais um app de compartilhamento de fotos. Em uma pesquisa, a primeira coisa que as pessoas dizem sobre como usam o Instagram, elas falam que é para entretenimento”, disse.
Entre as mudanças, consta a maior priorização da entrega de conteúdo em vídeo, recomendações de novas contas para seguir na timeline, e maior investimento em shopping e mensageria. No vídeo publicado, Mosseri detalhou o investimento em vídeo. Segundo ele, a intenção é investir em experiências imersivas. Para isso, a empresa realiza testes para exibir o conteúdo em tela cheia e foca em mobile. “Vídeo está proporcionando um grande crescimento online para todas as maiores plataformas e é algo que temos que investir mais”, apontou.
Muito desse movimento do Instagram é uma resposta a competitividade com outras plataformas de compartilhamento de vídeo, como o TikTok, como o executivo afirmou. “Sejamos honestos, há uma competição muito grande neste momento”, disse ele. “O TikTok é enorme, o YouTube é ainda maior, e há muitos outras plataformas se destacando também”, disse. O próprio Instagram e o YouTube criaram recursos de vídeos curtos, como o formato principal do TikTok, depois do crescimento deste último. Da mesma forma, o Instagram também tem o IGTV para vídeos longos.
No campo de shopping, o executivo indicou que a empresa aposta na tendência do comércio online acelerado pela pandemia e, quanto a troca de mensagens, Mosseri disse que a mensageria se tornou a principal forma de comunicação do usuário com amigos e parentes, mais do que publicações em feed e stories inclusive. Por fim, o head prometeu que a plataforma vai compartilhar mais seus investimentos com o público geral.
Para Eric Messa, coordenador do Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP, a plataforma quer deixar o lugar tão criticado de rede da ostentação e supervalorização da imagem que é, inclusive, associada à causa de problemas de saúde mental. Além disso, o professor indica que criadores de conteúdo estão insatisfeitos com a entrega de suas publicações.
“Essa mudança da proposta de conteúdo já vem acontecendo naturalmente, impulsionada pelos próprios usuários e criadores que durante a pandemia passaram a valorizar conteúdos mais relevantes para o momento. Esse anúncio parece ser também uma resposta a isso, possivelmente com novas possibilidades de entrega e performance das publicações, a partir da mudança no sistema de recomendações de posts que foi citada. Porém, é arriscado mexer na forma como o usuário final é impactado por publicações de perfis que ele não segue, porque essa mudança na experiência de uso da plataforma pode não ser bem recebida”, explica.
Simone Bispo, supervisora de conteúdo da VMLY&R, indica aos que não produzem conteúdo em vídeo que é hora de começar, assim como utilizar a aba de shopping da plataforma, mas faz uma ressalva: “é importante explicar que o Instagram não vai abolir ou deixar de entregar as publicações com imagens, porém, vai dar um destaque maior para conteúdos de vídeo, já que as pesquisas mostraram que o público está na plataforma em busca de entretenimento (e podemos atribuir essa necessidade ao fator isolamento social na pandemia). Adam Mosseri ressaltou que o Instagram não quer ser lembrado apenas por foto”, diz.
Em consenso, ambos os executivo veem as mudanças como oportunidade para as marcas, seja pelo shopping ou pela exploração maior da criatividade para atrair a atenção dos usuários e, assim, ter seu conteúdo mais recomendado pelo aplicativo. “Agora, as marcas vão abusar da criatividade para produzir vídeos interessantes, principalmente pelo fato desse conteúdo atingir possíveis seguidores com a função recomendações. Será uma possibilidade de fisgar um novo público a partir da afinidade com o que as marcas apresentam”, prevê Simone.
Por outro lado também figura um desafio. “A tendência é que ficará ainda mais difícil obter propagação espontânea de conteúdos de marcas. Será ainda mais importante ser criativo, relevante e, principalmente, estabelecer parcerias com criadores de conteúdo e influenciadores digitais”, diz Messa.
Com informações do Meio e Mensagem.